A trajetória de Gustavo Gonçalves — a voz que ecoa das ruas de São Sebastião
No coração do interior de Minas Gerais, nasceu um menino que aprendeu cedo o peso da desigualdade.
Filho do povo e testemunha da ausência do Estado, Gustavo Gonçalves cresceu vendo mães chorarem por um lar que nunca chegou e pais voltarem para casa com marmitas amassadas pela injustiça do dia.
Dessas cenas nasceu o que ele chama de “senso de justiça” — um impulso que, mais tarde, o transformaria em uma das vozes mais ativas de sua comunidade.
“Não aprendi a lutar nos livros. Aprendi nas ruas, ouvindo as dores de quem não tinha para onde correr”, diz Gustavo.
Do protesto à presença: a resistência de quem nasceu do povo
A história de Gustavo é também a história de um território que luta para existir.
Em 2016, durante a ocupação do Núcleo Zumbi dos Palmares, dezenas de famílias foram removidas à força. Casas destruídas, móveis espalhados e o sentimento de que o trabalhador não tinha vez.
Foi ali que o nome de Gustavo começou a ser ouvido. Ao lado de outros moradores, ele ajudou a organizar bloqueios na rodovia e manifestações que chamaram atenção da imprensa local.
“Não era por ódio, era por justiça”, recorda uma das moradoras, Maria Aparecida. “A gente só queria que alguém olhasse para nós.”
Quatro anos depois, em 2020, outro episódio de tensão reacendeu a chama da resistência. E, mais uma vez, Gustavo estava lá — entre o povo e o poder.
Para uns, um provocador.
Para outros, um líder comunitário que não foge da linha de frente.
Um gesto simples, um impacto real

Em outubro de 2025, no Dia das Crianças, Gustavo organizou um evento modesto, mas carregado de significado: brinquedos, algodão-doce, pula-pula — e algo ainda mais raro em certas partes do Brasil — alegria gratuita.
“Ver o sorriso no rosto dessas crianças é sentir a vida pulsar de novo. Muitas delas não teriam um ‘feliz Dia das Crianças’ se não fosse esse momento”, disse emocionado.
Moradores relatam que o evento foi custeado com doações e esforço coletivo.
“Ele correu atrás de tudo, pediu ajuda, organizou voluntários. Aqui não é sobre política, é sobre presença”, contou um comerciante local.
O próximo sonho: uma quadra para o futuro
Agora, o foco de Gustavo é a construção de uma quadra de futebol comunitária.
O espaço, ainda em fase de arrecadação, deve servir de lazer, convivência e segurança para dezenas de jovens.
“Uma quadra é muito mais do que cimento e traves. É onde uma criança aprende disciplina, amizade e esperança”, diz ele.
Mesmo enfrentando restrições legais — resultado de episódios passados de manifestação —, Gustavo segue atuando dentro dos limites que a Justiça impõe.
“Pode limitar meu corpo, mas não a vontade de ver meu povo vencendo”, afirma.
Entre o herói e o bandido
A trajetória de Gustavo divide opiniões.
Para uns, ele é símbolo da resistência popular, a prova de que a transformação nasce de quem sente na pele a desigualdade.
Para outros, suas ações desafiam a ordem e tensionam o diálogo com o poder público.
Mas talvez a verdade esteja no meio do caminho: Gustavo Gonçalves é o reflexo de um Brasil que sangra, mas não se ajoelha.
Um país em que o herói e o bandido, muitas vezes, nascem da mesma dor — a de quem nunca foi ouvido.
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