A adolescência é uma fase de intensas transformações físicas, emocionais e sociais. O jovem se vê diante de novas responsabilidades, busca sua identidade e experimenta uma independência gradual. No entanto, essa jornada de descobertas pode vir acompanhada de desafios que afetam a saúde mental. O aumento dos casos de ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos entre adolescentes tem preocupado especialistas e acendido um alerta para pais, educadores e a sociedade como um todo. Afinal, o que está por trás desse fenômeno e como oferecer suporte para que os jovens lidem melhor com suas emoções?
Segundo a psicóloga e psicanalista Juliana Conti, essa fase da vida é marcada por intensas mudanças internas e externas, o que pode gerar insegurança e angústia. “A adolescência é um momento de reconstrução da identidade. O jovem se depara com exigências sociais, acadêmicas e afetivas que, muitas vezes, geram sobrecarga emocional. Além disso, há um luto simbólico da infância e uma tentativa de adaptação ao novo papel que ele assume na sociedade”, explica.
Entre os principais sinais de alerta para problemas emocionais estão mudanças bruscas de comportamento, isolamento excessivo, alterações no apetite e no sono, queda no rendimento escolar, irritabilidade constante e até mesmo autolesão. Para Conti, muitos desses sinais passam despercebidos ou são tratados com descaso, sob a justificativa de que “é só uma fase”. No entanto, ignorar esses comportamentos pode agravar o sofrimento do jovem e impedir que ele receba o apoio necessário.
Outro fator que tem forte influência na saúde mental dos adolescentes é o uso das redes sociais. Se por um lado elas criam espaços de socialização e pertencimento, por outro, aumentam a pressão por uma vida perfeita, reforçam comparações irreais e expõem os jovens a discursos de ódio e padrões inalcançáveis. “A superexposição digital pode afetar diretamente a autoestima e a percepção de valor próprio. É essencial que os adolescentes desenvolvam um olhar crítico sobre o conteúdo que consomem e saibam diferenciar a realidade das construções idealizadas que veem na internet”, ressalta a especialista.
Diante desse cenário, o papel dos pais e educadores se torna fundamental. A escuta ativa e sem julgamentos é o primeiro passo para ajudar um adolescente que enfrenta dificuldades emocionais. “Muitos jovens não falam sobre seus sentimentos por medo de serem invalidados ou incompreendidos. É essencial criar um ambiente seguro para que eles possam expressar suas angústias sem medo de punição ou desqualificação”, afirma Conti. Além disso, a escola pode ser uma grande aliada ao promover programas de educação emocional, rodas de conversa e espaços de acolhimento psicológico.
Além do suporte emocional, hábitos saudáveis desempenham um papel essencial no bem-estar mental dos adolescentes. Ter uma rotina equilibrada de sono, praticar exercícios físicos, reduzir o tempo de tela, desenvolver hobbies e cultivar boas amizades são atitudes que contribuem para a construção da resiliência emocional.
Por fim, é necessário desmistificar o tratamento psicológico e combater o estigma de que buscar ajuda é um sinal de fraqueza. “Fazer terapia é um ato de coragem e autocuidado. Precisamos incentivar os adolescentes a entenderem que cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física”, conclui Conti.
Diante dos desafios impostos pela vida moderna, oferecer aos jovens um ambiente de acolhimento, compreensão e suporte emocional é a chave para ajudá-los a atravessar essa fase com mais segurança e equilíbrio. Afinal, nenhum adolescente deveria enfrentar seus dilemas sozinho.
Juliana Conti – CRP 06/139348
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